1. Pequenos incêndios por toda parte, por Celeste Ng – tradução de Julia Sobral Campos
416 páginas • título original: Little fires everywhere • Intrínseca
O encontro entre duas mulheres com personalidades diametralmente opostas: Elena Richardson, a matriarca de uma família acostumada a seguir regras e a planejar os seus dias na comunidade perfeita de Shaker Heights e Mia Warren, uma artista de espírito livre com um passado misterioso, sua nova inquilina. Com o passar do tempo, as duas famílias se tornam cada vez mais íntimas e as inegáveis diferenças entre elas começam a gerar ressentimentos e conflitos. Paralelamente, a batalha pela guarda de uma criança sino-americana em Shaker Heights coloca Mia e Elena em lados opostos, intensificando ainda mais suas divergências e rancores. O livro é um drama familiar sobre maternidade, classe e privilégios, muito bem construído (e escrito), que te prende do início ao fim. Incluído entre os melhores livros de 2017 por veículos como Entertainment Weekly, The Guardian e The Washington Post, parece que vai virar série em breve, com Reese Witherspoon e Kerry Washington. Tentem ler antes de assistir (é sempre melhor, vocês não acham?).
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2. Nix, por Nathan Hill – tradução de José Francisco Botelho
672 páginas • título original: The Nix • Intrínseca
Um escritor e professor universitário fracassado, viciado em videogames e prestes a arcar com uma dívida gigantesca, que não pode pagar, Samuel Andresen-Anderson está realmente na pior. Para complicar ainda mais as coisas, ele descobre que a mãe, que o abandonou quando ele ainda era uma criança, está sendo acusada de um crime absurdo, que viralizou na internet e está dividindo o país. Para sua surpresa, Faye está sendo retratada pela mídia como uma ativista radical de passado sórdido, muito diferente da imagem de boa moça que ele sempre teve dela. O livro se divide entre a investigação de Samuel sobre a própria mãe, a história real de Faye Andresen-Anderson no epicentro do movimento hippie de 1968 e a infância de Samuel, pouco antes de ser abandonado por ela. Um romance MUITO ambicioso, inteligente e divertido, que brinca de forma inteligentíssima com os dramas e paradoxos da contemporaneidade, em especial com a histeria e a hipocrisia americanas. A narrativa ainda encontra espaço para personagens e histórias complementares interessantes e relevantes; um verdadeiro nocaute (como bem definiu a Esquire). Gostei demais!
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3. As Oito Montanhas, por Paolo Cognetti – tradução de Adriana Aikawa
256 páginas • título original: Le otto montagne • Intrínseca
Pietro é um jovem pouco sociável de Milão, que costuma passar os verões com os pais em Grana, um vilarejo isolado nos Alpes italianos. É lá que ele conhece Bruno, um menino da sua idade que parece personificar tudo o que o seu pai mais ama a respeito da vida campestre. Anos depois de abandonar suas temporadas de aventuras e explorações, já adulto, Pietro volta à montanha para resgatar uma herança deixada pelo pai e retoma o contato e a amizade de Bruno. O livro, ganhador de um dos prêmios mais importantes da Itália, o Prêmio Strega, parece não ter uma história muito robusta, mas é justamente na simplicidade da narrativa que ele ganha o leitor. Os temas abordados são muito delicados e, de certa forma, comoventes: a busca pelo autoconhecimento, o contraste entre a vida na cidade e a singeleza rural, o amadurecimento (e, com ele, a compreensão tardia de quem realmente foram os seus pais). Um livro surpreendentemente bonito, com o frescor e a leveza das paisagens alpinas.
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4. Uma Constelação de Fenômenos Vitais, por Anthony Marra – tradução de Fabiana de Carvalho
336 páginas • título original: A constellation of vital phenomena • Intrínseca
Uma menina escondida na floresta observa o pai ser levado no meio da noite por soldados russos, enquanto sua casa arde em chamas. A cena também é observada pelo vizinho de frente e amigo da família, que se encarrega de buscar refúgio para a criança num hospital abandonado, onde uma única médica permanece atendendo pacientes e buscando informações sobre a irmã desaparecida. Uma história complexa que se passa entre 1994 e 2004 na Chechênia, um período de grandes conflitos armados entre grupos rivais chechenos e o exército da Rússia (incluindo duas guerras e mais de 150 mil mortos). A narrativa é muito bem amarrada, com personagens cujas histórias de vida se entrelaçam de forma realista e inesperada ~ e é bacana observar como essas revelações vão sendo liberadas aos poucos, ao longo do desenrolar da história (sem aquele vício terrível da “reviravolta” e do “final surpreendente”). Mas, por algum motivo, eu não consegui me conectar muito com o universo criado pelo autor. Não me entendam mal, o livro é super bem escrito e a temática é sensível e tocante, mas achei tudo um pouco morno e acabei demorando tempo demais para ler (o que certamente diminuiu a minha experiência de leitura).
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