1. A Política Sexual da Carne, por Carol J. Adams – tradução de Cristina Cupertino
384 páginas • título original: The sexual politics of meat • Alaúde
Citado pelo New York Times como “a Bíblia da comunidade vegana“, o livro estabelece uma conexão entre o feminismo e o vegetarianismo, criando uma estreita ligação entre a dominância masculina (a cultura de violência e objetificação da mulher) e o ato de comer carne. Entre muitos outros assuntos, a autora fala sobre o mito e a presunção de que os homens precisam de carne (e têm direito a ela) para continuar saudáveis; sobre o consumo de carne como atividade masculina associada à virilidade e sobre o processo cruel de ver o outro (o animal, a mulher) como algo consumível. A Carol resume super bem todo o conteúdo do livro nessa entrevista (assistam, é maravilhosa!), mas se eu tivesse que sintetizar a ideia geral da teoria, eu diria que ela é sobre não polarizar o sofrimento humano e animal, uma vez que eles se inter-relacionam. Uma crítica leve: achei algumas partes do livro um pouco repetitivas, mas nada que tirasse a relevância e o prazer da leitura. Para veganos, vegetarianos e TODOS que possuem uma mente aberta a respeito do assunto.
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2. As Veias Abertas da América Latina, por Eduardo Galeano – tradução de Sergio Faraco
392 páginas • título original: Las venas abiertas de América Latina • L&PM Editores
Um crime: ser latino americano e nunca ter lido As Veias Abertas da América Latina. O livro é um estudo (e uma espécie de inventário) da exploração, submissão e subsequente dependência que a América Latina tem sido vítima desde que aqui aportaram os primeiros europeus no final do século XV. Escrito no início da década de 70 (Galeano tinha então 31 anos), o texto impressiona pela relevância histórica e pela atualidade do discurso. Esse cenário comandado pelo capitalismo exploratório é duro, mas Galeano sabe ser ao mesmo tempo crítico e poético. O (con)texto é revoltante, mas a leitura é agradável. O livro é muito associado à literatura de extrema esquerda e o próprio autor disse, antes de morrer, que não teria condições de reler a obra. “Para mim, essa prosa da esquerda tradicional é chatíssima. Meu físico não aguentaria. Seria internado no pronto-socorro“. Galeano afirmou que não se arrependia de ter escrito, mas que o Veias Abertas tentou ser um livro de economia política, numa época em que ele não tinha a formação necessária para escrevê-lo. Ideologias às parte, recomendo demais o ensaio para qualquer pessoa que se interesse pela (contra)história econômica e política da América Latina. Um clássico.
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3. Suzy e as águas-vivas, por Ali Benjamin – tradução de Cecília Camargo Bartalotti
224 páginas • título original: The thing about jellyfish • Verus Editora
Sensibilizada pela perda da ex-melhor amiga, Suzy se convence de que pode explicar o motivo de sua morte por afogamento: a ferroada de uma água-viva. Ela cria um plano ousado para provar a verdade, que envolve uma viagem para o outro lado do mundo, sozinha. O livro, todo narrado em primeira pessoa pela personagem principal, de 12 anos, comove não tanto pela investigação do tema da morte, mas pela descrição minuciosa da dura ruptura da amizade entre as meninas. Uma visão bem realista dos altos e baixos da pré-adolescência, com desdobramentos de cortar o coração. Um livro juvenil com potencial para agradar leitores de todas as idades.
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4. Quando eu parti, por Gayle Forman – tradução de Ryta Vinagre
308 páginas • título original: Leave me • Record
Maribeth é a típica mulher-moderna-ultra-atarefada: profissional competente, dona de casa, mãe de gêmeos superativos… Os seus dias são tão atarefados e corridos que ela nem percebe o ataque cardíaco. Duas pontes de safena depois, exausta e com pouquíssima ajuda da família, ela decide arrumar as malas e partir. Longe de tudo (e com a conveniente ajuda de novos amigos), ela começa a enfrentar o seu próprio passado e descobrir quem realmente é. Esse é o primeiro livro adulto da Gayle Forman, mas que possui, de certa forma, muitos elementos do universo do YA. Em especial (e a minha grande crítica ao gênero) a habilidade de resolver magicamente todos os conflitos do livro, dando uma espécie de final feliz genérico para todos os personagens. A minha impressão é que faltam muitas (MUITAS!) camadas de complexidade, especialmente por se tratar de um tema tão controverso e tão pesado.
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