1. Dias Bárbaros: Uma Vida no Surfe, por William Finnegan – tradução de Edmundo Barreiros
432 páginas • título original: Barbarian Days: A Surfing Life • Intrínseca
Autobiografia (vencedora do Pulitzer!) do jornalista William Finnegan, na qual ele compartilha a sua trajetória no surfe, desde a infância numa gangue de meninos brancos em Honolulu até a vida adulta, tentando balancear família, trabalho e as ondas. Para começo de conversa, eu não entendo NADA de surfe. Mas o autor constrói um universo tão fascinante dessa arte, que a gente se sente dentro da água com ele, explorando novos territórios e viajando o mundo em busca das melhores ondas ao seu lado. O livro também é muito bem sucedido em retratar o boom do surfe na década de 60, o clima inebriante da época e a satisfação de descobrir e explorar novos picos num mundo pré-GPS e Google Maps. Divertido e surpreendente, uma verdadeira viagem pelas memórias de um surf expert. Recomendo.
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2. Piano Vermelho, por Josh Malerman – tradução de Alexandre Raposo
320 páginas • título original: Black Mad Wheel • Intrínseca
Uma banda de Detroit é recrutada por um funcionário misterioso do governo dos Estados Unidos para investigar a origem de um som desconhecido, que carrega em suas ondas um enorme poder de destruição. Juntos, eles viajam para um deserto na África, cheio de enigmas e situações insólitas e inexplicáveis. A premissa do livro já me parecia confusa e surreal: uma banda decadente, cujos membros são ex-combatentes da Segunda Guerra, recrutados para uma missão top-secret. Ahã, senta lá Cláudia. A tentativa de inserir elementos fantásticos no meio da narrativa (coisa que o Murakami faz orgânica e lindamente, por exemplo), me pareceu pouco inspirada e nada justificada. Não via a hora do livro acabar (e olha que o final é BEM anti-clímax também). Do mesmo autor de Caixa de Pássaros, que a galera amou ~ mas que, depois dessa, não tenho nem coragem de dar uma chance. :/
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3. Breve História de Sete Assassinatos, por Marlon James – tradução de André Czarnobai
736 páginas • título original: A brief history of seven killings • Intrínseca
Uma investigação (ficcional) sobre a cultura, a política e a pobreza na Jamaica, sobre relações de classe e raça e sobre o relacionamento conturbado entre os Estados Unidos e o Caribe desde a década de 70. A espinha dorsal do livro é a tentativa de assassinato de Bob Marley, que realmente aconteceu em 1976, dois dias antes do cantor realizar o show Smile Jamaica. Sete homens não identificados invadiram a sua casa e feriram uma série de pessoas, entre elas o próprio Bob Marley, sua esposa e seu empresário. Mas Marley acaba se tornando uma figura quase periférica (e mítica) ao longo do livro, uma vez que a história se concentra nas (versões fictícias) das pessoas que estavam ao seu redor: de assassinos, policiais corruptos e traficantes a jornalistas, agentes da C.I.A. e até um fantasma (!). Uma história densa, épica, violenta e emocionante, quase um portal para a as ruas de Kingston nos anos 70 (e, posteriormente, para o submundo das drogas em Nova York na década de 80). Imperdível. Destaque para Kim-Marie Burgess, uma personagem complexa, que se reinventa várias vezes ao longo da narrativa, fugindo do passado e buscando segurança e refúgio nos EUA.
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4. Tartarugas Até Lá Embaixo, por John Green – tradução de Ana Rodrigues
256 páginas • título original: Turtles All the Way Down • Intrínseca
Aza é uma menina de 16 anos com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). Por fora ela é uma adolescente como todas as outras, mas a sua mente precisa lidar com terríveis espirais de pensamento que se afunilam e a aprisionam numa rotina exaustiva e assustadora. Junto com a amiga Daisy, ela vai tentar desvendar o desaparecimento do milionário Russel Prickett, que vem a ser pai de um amigo de infância. A minha impressão geral é que o livro prospera nas descrições do comportamento de uma adolescente com TOC. A gente realmente se sente dentro das suas espirais de pensamento obsessivo, algumas completamente irracionais, outras racionais até demais. Certamente isso se deve ao fato do autor sofrer de TOC ~ e ele resumiu bem essa sensação (e o livro todo, na verdade) nesse vídeo de 4 minutos, em que ele também fala sobre a romantização da doença mental, o que é BEM interessante. Tirando isso o romance é, sendo bem honesta, fraco. As referências à cultura pop, todo o cenário da “investigação”, a construção dos relacionamentos (de amizade e de amor)… Tudo me pareceu um pouco forçado. E aquela história do dinheiro nas caixas de cereal não dá gente. Não rolou MESMO pra mim.
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