1. Minha Luta 4 – Uma Temporada no Escuro, por Karl Ove Knausgård
tradução de Guilherme da Silva Braga
496 páginas • título original: Min Kamp 4 • Companhia das Letras
Quarto volume da série autobiográfica do escritor mais pop e mais polêmico dos últimos tempos (mais sobre Karl Ove e sobre os três primeiros livros da série nesse post). Dessa vez acompanhamos o escritor aos 18 anos, após terminar o equivalente ao ensino médio na Noruega, aventurando-se como professor de uma escola intermediária em Håfjord, uma vila de pescadores no norte do país. Entediado e inquieto, Karl Ove usa o tempo livre para tentar se tornar um escritor ~ e para tentar perder a virgindade. Paralelamente, o autor relembra sua rotina aos 16 anos, período-chave da separação de seus pais, quando ele começa (assim como o pai) a usar e abusar do álcool como motor social. Karl Ove tem a habilidade de transformar eventos comuns numa narrativa extraordinária. Como nos outros livros, ele explora o (excessivamente) íntimo e o mundano de maneira brilhante.
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2. Minha Luta 5 – A Descoberta da Escrita, por Karl Ove Knausgård
tradução de Guilherme da Silva Braga
632 páginas • título original: Min Kamp. Femte Bok • Companhia das Letras
O quinto volume da série é dedicado ao período que Karl Ove passou como estudante de escrita criativa na cidade universitária de Bergen e focado nas dificuldades e frustrações que envolviam as suas tentativas de se tornar escritor. Inacreditavelmente (ainda mais conhecendo hoje o conjunto da sua obra, tão rica e extensa) ele simplesmente não conseguia escrever. Para ele, acompanhar de perto o sucesso de seus colegas é mais do que apenas difícil, é uma verdadeira humilhação. Em paralelo somam-se as suas (já conhecidas) crises de insegurança e inadequações sociais. E, claro, não podemos esquecer, suas desilusões e insucessos românticos. Nessa edição conhecemos mais a fundo a sua história com Tonje, sua primeira esposa, uma peça importante que ainda faltava nesse ambicioso quebra-cabeça literário, parte-rememorado, parte-ficcionalizado. Uma leitura viciante. Mal posso esperar pelo sexto, e último, volume.
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3. Hotel Florida, por Amanda Vaill – tradução de Ivo Korytowski
512 páginas • Objetiva
O subtítulo já diz tudo: verdade, amor e morte na Guerra Civil Espanhola. O livro é uma reconstrução do conflito através dos olhares de 3 casais: os escritores Ernest Hemingway e Martha Gellhorn, os fotógrafos Robert Capa e Gerda Taro e os secretários de imprensa Arturo Barea e Ilsa Kulcsar. Usando cartas, diários, documentos oficiais, filmes e notícias da época, a autora retraça a vida dessas personalidades e conta a história da guerra a partir das suas experiências pessoais durante o conflito. O livro tem MUITA informação detalhada sobre o período, o que é ótimo caso você goste de se aventurar nesse tipo de leitura histórica mais densa. O Hotel Florida em Madri, que dá título ao livro, é um local por onde os seis protagonistas passam, uma espécie de ponto de encontro de intelectuais e jornalistas na época. Curiosidade: hoje o prédio é ocupado por uma filial do El Corte Inglés, a maior rede varejista da Espanha.
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4. Como Ser as Duas Coisas, por Ali Smith – tradução de Flávia Castanheira
320 páginas • título original: How to be both • Companhia das Letras
De um lado: George, uma adolescente de 16 anos que viaja com a mãe para Ferrara, na Itália, para ver os afrescos do pintor renascentista Francesco del Cossa. Do outro: o próprio Francesco, imaginado pela autora como uma menina, que assume a identidade masculina para desenvolver melhor o seu talento no século XV. Uma história espelhada, de duplos, em que gênero, realidade e ficção se dissovem e se misturam. Difícil explicar o jogo genial que Ali Smith criou, histórias originais permeadas pelo universo da arte e do luto, que se conectam e se completam. O livro pode ser lido de duas formas: metade da tiragem começa com a narrativa OLHOS e a outra metade começa com a narrativa CÂMERA. Os livros foram encadernados intencionalmente das duas formas, para que os leitores tenham aleatoriamente experiências diferentes, lendo o mesmo livro. Gostei muito e pretendo ler outros livros da autora escocesa.
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