1. Achados e Perdidos, por Brooke Davis – tradução de Ana Carolina Mesquita
título original: Lost & Found • Record
Três personagens reunidos pelo destino. Millie Bird tem sete anos e foi abandonada pela mãe na seção de roupas íntimas de uma loja de departamento. Karl, o Digitador, tem 87 e acabou de fugir da casa de repouso onde foi colocado pelo filho. Agatha Pantha tem 82 anos e vive reclusa em casa, sem conversar com ninguém desde que ficou viúva há sete anos. Esse trio improvável embarca numa jornada pela Austrália em busca da mãe de Millie, aprendendo a superar cada um a sua própria perda. Me surpreendi com esse livro curtinho, mas comovente e muito divertido, cheio de surpresas e um toque delicioso de surrealismo. Recomendo muito, especialmente se você curte uma narrativa livre de estereótipos (sobre a velhice e a morte, particularmente). Dá para assistir uma entrevista com a Brooke Davis, falando sobre o livro, aqui.
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2. O Menino Feito de Blocos, por Keith Stuart – tradução de Ana Carolina Delmas
título original: A Boy Made of Blocks • Record
O casamento de Alex e Jody chega a um ponto de ruptura, essencialmente porque Alex não consegue lidar com Sam, o filho autista de oito anos. Obrigado a cumprir a função de pai em meio-expediente, Alex começa a jogar Minecraft com o filho e é aí que tudo muda. O jogo passa a ser um instrumento de comunicação e conexão entre os dois, um espaço onde os dois podem agir e se expressar livremente, sem julgamentos. O livro foi baseado na experiência do autor com o próprio filho autista e dá para perceber a enorme carga de amor que ele injetou na história. O livro também é engraçado e fala sobre a família de uma maneira muito bonita e sensível ~ mas me incomodaram um pouco as soluções do autor para dar um “final feliz” para todos os personagens, que acabaram soando um tiquinho falsas (e desnecessárias, na minha opinião).
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3. As Invernas, por Cristina Sánchez-Andrade – tradução de Fátima Couto
título original: Las inviernas • Tordesilhas
A tragetória das irmãs Dolores e Saladina, apelidadas de “as Invernas”, que retornam para Tierra de Chá, sua aldeia natal na Galícia, após anos de exílio na Inglaterra. Uma é linda e sonha em ser estrela de cinema. A outra é feia e desdentada, e sonha em se apaixonar e ser amada. Unidas por um passado em comum e um segredo obscuro, as irmãs acabam trazendo consigo lembranças que todos ali gostariam de esquecer. A autora vem sendo considerada uma das vozes femininas mais poderosas na literatura espanhola atual e consegue nesse livro unir a tradição oral galega (histórias passadas de geração a geração, contadas ao pé do fogo) com uma narrativa poética, misteriosa e cômica. Uma história original e cheia de personagens bizarros e cativantes, que vão se tornando mais familiares e simpáticos a cada capítulo.
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4. A Arte de Construir Ruínas, por Adriano Garib
Poligrafia
Primeiro romance do ator Adriano Garib (de Tropa de Elite 2 e Meu Nome Não é Johnny, entre outros), o livro é dividido em quatro partes, cada uma narrada por um personagem diferente. Angelo é um artista com uma obra inacabada. Tina é a dona do café da esquina. Zilda cuida da pensão e do marido inválido. Francisco, pra lá dos 80 anos, é feirante, consertador de bugigangas, bom homem e bom marido. Essas quatro narrativas se misturam, numa história que combina realismo e fantasia. O autor brinca com os eixos pronominais, alternando entre a primeira, segunda e terceira pessoas, sem aviso prévio. A parte de Tina, por exemplo, é toda narrada em primeira pessoa, sem pontuação, simulando o fluxo de pensamento minutos antes de dormir. A minha parte preferida foi a de Zilda, que narra 20 anos de vida da personagem e tem uma pegada mais realista e crua. Mais sobre a tragetória do livro nesse vídeo da editora.
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E vocês, o que andam lendo de bom?
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