As lojas estão cheias de peças de lãzinha e tricô ~ reflexo das famigeradas ‘tendências’ de inverno (que, sejamos francos, não existe aqui no Rio de Janeiro). Eu não estava muito convencida, até começar a ver essas mesmas peças cobertas por bordadinhos florais delicados, quase vintage. Irresistíveis.
O que vocês acham? Quem sabe bordar, pode tentar reproduzir em casa. \o/ Todas as peças do post são da Mango.
Primoroso o uso de objetos cotidianos no trabalho da artista sueca Liselotte Watkins. Gosto especialmente de observar ~ e procurar objetos familiares ~ nessas pinturas em torno de mesas, um clima familiar irresistível com uma atmosfera italiana (país onde ela mora desde 2008).
1. As Bruxas da Noite, por Ritanna Armeni – tradução de Karina Jannini 248 páginas • título original: Una donna può tutto • Seoman
Toda a beleza, a peculiaridade e a genialidade de um regimento feminino na aviação soviética, cujo corpo militar era TODO formado por mulheres (pilotas, mecânicas e também na administração e no comando), responsável por infernizar a vida dos alemães durante a Segunda Guerra Mundial. Foram estudantes, operárias, camponesas, granjeiras, vendedoras, doceiras… mulheres que lutaram contra a mentalidade de que deveriam servir a pátria apenas como esposas, mães, enfermeiras ou telefonistas. Mulheres que fizeram da guerra uma oportunidade para emancipação e que se aproveitaram do conflito para ampliar a própria esfera de liberdade (vejam só o paradoxo). Os nazistas as chamavam de “bruxas da noite” porque surgiam entre meia-noite e a alvorada, silenciosas ~ desligavam os motores momentos antes do ataque ~ e ágeis. Os aviões que pilotavam eram velhos e pouco sofisticados, porém fáceis de manejar e difíceis de serem identificados à noite. O livro reconta a trajetória das bruxas através das memórias da última delas (Irina Rakobolskaja, então com 96 anos) e revela como elas tiveram o seu papel de liderança deliberadamente apagado da história após a guerra. Uma história (e um livro) cativante, que reafirma ~ nas palavras da coronel e heroína nacional Marina Raskova ~ que uma mulher é capaz de tudo.
Segunda Guerra Mundial, esse tema que me parece quase inesgotável, ganha novos ares latinos nesse livro-investigação da jornalista Mary Jo McConahay, focado especificamente no papel fundamental da América Latina como fonte de recursos, riquezas diversas na forma de matérias-primas e espionagem. Basicamente é um livro sobre como fomos absolutamente (e vergonhosamente) explorados, tanto pelo Eixo quanto pelos Aliados, que viam a região como uma oportunidade de alimentar livremente suas máquinas de guerra. Histórias fascinantes e, ao mesmo tempo, revoltantes ~ confesso que eu ficava furiosa ao final de cada capítulo. São particularmente interessantes para o público brasileiro os capítulos sobre a exploração da borracha na selva amazônica (com destaque para a Fordlândia, projeto megalomaníaco de Henry Ford que desmatou mais de 10 mil quilômetros quadrados de floresta tropical), as visitas de Walt Disney e Orson Welles ao Rio de Janeiro e a participação de soldados brasileiros na tomada do Monte Castelo na Itália (uma mistura de drama com comédia pastelão). Um desses livros que a gente termina com a sensação de *porque eu não aprendi isso na escola?*.
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3. Mythos, por Stephen Fry – tradução de Helena Londres 368 páginas • Planeta
Se você pudesse convidar qualquer personalidade para abrilhantar um jantar (uma reunião ou uma festa), quem é a primeira pessoa que passa pela sua cabeça? A minha resposta: sem dúvida, Stephen Fry. O Stephen Fry é uma dessas pessoas tão inteligentes, tão eloquentes e tão amáveis, que é difícil não ficar fascinado por ele e pelo que ele tem a dizer. Quando o assunto é um dos seus favoritos, mitologia grega nesse caso, a satisfação é ainda maior. Nos textos de Fry, os mitos e lendas da Grécia Antiga se aproximam da vida como nós a conhecemos hoje: são histórias absolutamente divertidas e acessíveis, cheias de detalhes surpreendentes, cômicos, trágicos e encantadores. Como ele mesmo esclarece no prefácio, não há nada de acadêmico ou intelectual a respeito da mitologia grega ~ e a sua maneira de contá-la a torna especialmente interessante. O mito de Pandora, por exemplo, se transforma num conto envolvente, cheio de mistério, angústia e desespero. Vejam por vocês mesmos nesse vídeo narrado pelo próprio autor (em inglês). Sensacional. Torcendo para que a Editora Planeta publique também por aqui o Heroes, segundo volume dessa série, dessa vez sobre Mortais e Monstros, Missões e Aventuras.
Um clássico da literatura fantástica (considerado por alguns o primeiro livro de ficção científica da história), publicado em 1823 por uma jovem Mary Shelley, de apenas 18 anos. Dr. Victor Frankenstein é um médico obcecado por criar vida a partir de partes de corpos enterradas em cemitérios e acaba gerando um monstro assustador e cruel. Uma dessas histórias que, mesmo antes de ler, a gente já tem uma noção do que se trata, certo? ERRADO. Eu me surpreendi demais com a história, que tem pouco a ver com terror e medo ~ e muito mais a ver com abandono, solidão e, especialmente, rejeição. Jamais imaginei que sentiria pena e até simpatia pelo monstro, graças aos capítulos incríveis em que Shelley descreve o desejo e as tentativas (vãs) da criatura de entender e se tornar “humano”. Tristíssimo. O livro faz parte de uma coleção da Editora Novo Século de clássicos da literatura em inglês, que tem uma proposta muito bacana: fazer com que a experiência do leitor seja o mais próxima possível da que o autor quis passar. Eu adorei ler no original (o livro é super curtinho) e já quero ler outros títulos da coleção!
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O que vocês têm lido de bom ultimamente? Confira outros títulos na Bibliolove – a biblioteca virtual do blog!
Uma estampa linda, alegre e colorida ~ eu realmente adorei essa parceria da ilustradora Ana Popescu com as irmãs artistas (conhecidas como) Kreineckers. Algo me diz que estou com saudades do verão… :)
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