Se você curte sci-fi é MUITO provável que você já esteja familiarizado (e até adore) as obras do Philip K. Dick. Ele é responsável por alguns dos títulos mais famosos do gênero, verdadeiros clássicos da ficção científica, que inspiraram filmes como Blade Runner, Minority Report e O Vingador do Futuro. Eu já tinha tido uma experiência com o autor, quando li Valis em 2015, e achei o livro muito louco e interessante. Fazia muito tempo que eu não me aventurava num livro do gênero e acabei me jogando na leitura de Sonhos Elétricos, um livro de contos que inspirou a série Electric Dreams, da Amazon Prime.
O livro reúne algumas das primeiras histórias escritas e publicadas pelo autor na década de 1950, todas elas acompanhadas de uma introdução escrita pelo roteirista que adaptou o conto para a série de TV. À princípio, se você ainda não assistiu a série (como foi o meu caso) não faz muito sentido ler essa breve explicação inicial antes de cada conto. Muito mais rico (e pertinente) ler os depoimentos depois de assistir cada episódio ~ até para entender, em alguns casos, as alterações feitas por cada roteirista.
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MINHAS IMPRESSÕES SOBRE O LIVRO
Ler ficção científica é mergulhar num universo repleto de inquietações e desconfiança, especialmente em relação ao futuro. E, nesse aspecto, Philip K. Dick realmente foi um mestre. Os dez contos têm um quê de antiguinhos, uma vez que retratam uma visão de futuro pensada na década de 1950. Mas são geniais justamente por isso. O autor navega por temas um pouco ultrapassados para os dias de hoje, mas que fomentam questionamentos universais e atemporais. Uma delícia de ler, os contos são ágeis e divertidos, apesar da visão pessimista característica do gênero. Realmente dá para imaginar (e desejar ver) cada conto como um curta-metragem ou episódio de uma série ~ por isso a ideia da produção da Amazon Prime me pareceu uma ótima sacada, num primeiro momento.
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MINHAS IMPRESSÕES SOBRE A SÉRIE
Já começo dizendo que não rolou para mim. A série é SUPER bem produzida, com um elenco de peso ~ Anna Paquin, Bryan Cranston, Greg Kinner e Steve Buscemi, entre outros grandes nomes ~ mas achei (a maioria d’) os episódios chatíssimos, de ficar torcendo para acabar LOGO. A minha impressão é que os roteiristas acharam necessário inserir novos (e muitas vezes inexistentes) elementos de ação nas histórias, para torná-las mais dinâmicas e excitantes para a TV, mas o tiro saiu pela culatra. Nesse caso, menos seria MUITO mais. A simplicidade (e genialidade) dos contos desapareceu no meio de roteiros esquizofrênicos e o material original foi tão transformado que, em alguns casos, tive até dificuldade de relacionar com o conto no qual o episódio foi baseado.
A exceção ficou por conta do conto O Enforcado Desconhecido, adaptado pela roteirista e diretora Dee Rees (do ótimo Pariah, assistam!). O episódio Kill All Others ganhou um elemento político, inexistente no conto, mas super atual e relevante. Enfim, para não dizer que não gostei de nenhum episódio… Tristeza gente. :/
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Aí está o trailer, para quem quiser se arriscar. Talvez a experiência seja um pouco mais positiva para quem não tenha lido os contos. Não sei, depois vocês me contam. Depois das duas experiências, minha conclusão é leiam o livro e esqueçam a série. Sério, a vida é muito curta para ficar assistindo série ruim.
Sonhos Elétricos, por Philip K. Dick
236 páginas • Aleph
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