1. A Zona de Interesse, por Martin Amis – tradução de Donaldson M. Garschagen
título original: The Zone of Interest • Companhia das Letras
A Zona de Interesse era o local onde os judeus recém-chegados em Auschwitz passavam pela triagem, que definia se iriam para os trabalhos forçados ou para as câmaras de gás. Pesadíssimo, né? É nesse clima carregado que se desenrola a história do livro, narrada por três personagens-chave: Golo, um oficial nazista que se apaixona pela mulher do comandante, Paul, o tal comandante, que detém o poder (quase) absoluto no local e Szmul, um judeu que lidera a equipe de prisioneiros que ajudam os nazistas a manter uma certa ordem e a sustentar toda a farsa por trás do genocídio. Essas aliás, são as partes mais incômodas e difíceis de digerir do livro: perceber as motivações que levaram alguns judeus a contribuir com a máquina de morte nazista. Não é nem um tapa, é um soco na cara mesmo. Pra quem gosta de temas mais duros.
•
2. Antologia Pessoal, por Jorge Luis Borges
tradução de Davi Arrigucci Jr., Josely Vianna Baptista e Heloisa Jahn
título original: Antología personal • Companhia das Letras
Depois de ler certos autores, a gente percebe que esse negócio de escrever não é para qualquer um e que algumas pessoas nascem (ou adquirem de alguma forma) uma habilidade fora do comum com as palavras. Com o Borges é assim. É uma mistura de espanto com encantamento com incredulidade ~ como pode escrever tão bem gente? A prosa, especialmente, sempre tão cheia de poesia. O livro é uma seleção de textos feita pelo próprio autor ~ e eu humildemente destaco meus favoritos: o sul, funes, o memorioso, as ruínas circulares e o aleph.
♥
3. Dance Dance Dance, por Haruki Murakami – tradução de Lica Hashimoto
título original: Dansu dansu dansu • Alfaguara
Um escritor freelance decide procurar por uma antiga namorada, desaparecida, no último lugar que foram juntos: o Hotel do Golfinho. Mas o local não é mais o mesmo desde a sua última visita. O livro é Murakami puro, cheio de situações deliciosamente surreais (tratadas com a maior naturalidade do mundo, raramente acompanhadas de explicações ou justificativas) e personagens reflexivos e misteriosos. É uma espécie de continuação do livro Caçando Carneiros, embora os dois sejam independentes e possam ser lidos separadamente. Eu me identifiquei loucamente com o personagem principal e invejei sua vida simples e sua maneira prática de encarar a vida. Mas isso não é novidade nenhuma, eu sempre me apaixono pelos personagens do Murakami, impressionante!
•
4. O Primeiro Homem Mau, por Miranda July – tradução de Caroline Chang e Cristina Baum
título original: The First Bad Man • Companhia das Letras
O que falar sobre Cheryl? Uma mulher solitária e vulnerável (e um tiquinho surtada), obcecada por um colega de trabalho, que se vê presa à obrigação de hospedar Clee, a jovem filha egoísta dos patrões, no pequeno universo controlado que é seu apartamento. Quando você pensa que está começando a entender os personagens, a Miranda vai e vira o seu mundo de cabeça pra baixo. E a gente vai se apegando cada vez mais a Cheryl, suas obsessões sexuais, suas neuroses deliciosas, suas descobertas como mãe… Que personagem e que livro gente!
♥
E vocês, o que andam lendo?
Confira outros títulos na Bibliolove – a biblioteca virtual do blog!