Eu tenho uma verdadeira paixão por objetos bacanas de cozinha, em especial pela categoria paninhos lindos: guardanapos, panos de prato, toalhas de mesa, jogo americano (avental eu confesso que não ligo muito). Inclusive reza a lenda que eu tenho um ponte desses paninhos bem guardados e que morro de pena de usar. #sorrynotsorry ;)
Não me lembro quando “esbarrei” com a Blueberry Casa pela primeira vez ~ foi provavelmente uma sugestão do Instagram ~ mas sigo apaixonada desde esse dia. Não são os paninhos mais lindos (e elegantes e bem feitos) que vocês já viram?
Uma linda recomendação para quem gosta de histórias simples, mas muito sensíveis. Invisível, escrito por Tom Percival, é um livro (recomendado para crianças de 5 anos ou mais) que trata de um tema raramente abordado na literatura infantil: a pobreza. Não é um assunto fácil ou agradável de conversar com os pequenos, especialmente porque nós, como pais (ou tios, avós etc) gostaríamos de ter o poder de blindar as nossas crianças de todos os problemas do mundo ~ mas acho MUITO importante introduzir o assunto e mostrar para eles que existem outras tantas realidades, muitas vezes mais perto do que a gente imagina ou gostaria.
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Isabel é uma menina feliz, que sempre vê o lado bonito da vida. Ela sabe que a família não tem dinheiro para muitas coisas, mas sabe também que eles têm a coisa mais importante de todas: uns aos outros. Um dia seus pais simplesmente não conseguem pagar o aluguel e todas as outras contas, por isso precisam deixar a casa onde moravam, onde tinham todas as suas lembranças felizes.
Morando do outro lado da cidade, numa parte fria, triste e solitária, Isabel começa a se sentir invisível. Ninguém parece notá-la, as pessoas passam por ela como se ela não existisse. Com o passar do tempo ela começa a notar algo que nunca tinha percebido antes: outras pessoas invisíveis! MUITAS. A velha senhora que planta flores em latas vazias de tinta, o homem que dorme no banco e alimenta os pássaros no parque… E todos parecem tão sozinhos. :(
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É aí que Isabel decide ajudar: planta flores, alimenta os animais de rua… Esse movimento atrai outras pessoas ~ e quanto mais pessoas chegavam, mais elas podiam ser vistas! A menina descobre que fez algo muito especial, uma das coisas mais difíceis que alguém pode fazer: a diferença.
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O livro é um amor e a mensagem é belíssima. Começa num lugar absolutamente devastador e termina numa nota mais do que positiva, com uma sensação de que o final feliz é possível, apesar das adversidades. Pequenos gestos podem SIM fazer a diferença, inspirar mudança e participação. É bonito demais ver a comunidade se organizando e se ajudando nas pequenas tarefas e observar como essa transformação vai ganhando vida nas ilustrações.
Fiquei apaixonada pela história e recomendo demais para crianças (e adultos) de todas as idades. Para quem ficou curioso e quiser dar uma olhadinha em como o livro é (lindo) por dentro, vale a pena assistir esse vídeo (em inglês) onde o próprio autor Tom Percival narra a história. A versão brasileira do livro, editada pela Catapulta Junior é igualmente linda.
Trabalho incrível da designer e ilustradora Chang Chih, de Taichung, Taiwan. Ilustrações belíssimas que retratam a vida cotidiana, com foco em cenas domésticas e comida (também conhecido como: MELHOR tema). Seus desenhos foram inspirados pelas obras da ilustradora italiana Beatrice Alemagna, que também possui formação em design gráfico, o que acabou lhe dando motivação e ideias para criar suas próprias ilustrações.
Louise poderia ser uma menina como tantas outras, mas ela possui algo diferente: um enorme leão dourado, que mora em seu apartamento e a acompanha em todos os lugares. Ele lhe dá conforto, segurança, uma sensação de que nada ruim pode lhe acontecer.
Quando um caminhão de mudança estaciona na frente do seu prédio, Louise descobre que o seu novo vizinho é um caçador de grandes animais selvagens. E agora? O que será do seu amigo leão?
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Para nós, leitores adultos, fica claro desde o princípio que o leão é, na verdade, uma espécie de amigo imaginário que protege Louise dos seus medos ~ mas que também acaba afastando a menina de possibilidades reais de relacionamento e amizade. Ela está tão confortável com o seu leão, que acaba esquecendo o nome dos seus coleguinhas de classe e os chama simplesmente de ‘crianças’.
O tom do livro é quase triste. O início da história mostra um padrão de negligência e ausência por parte das pessoas que mais deveriam se importar com Louise: o professor, que “age como se ela não estivesse na sala, como se ela não existisse” e a mãe, que “sempre diz que precisa sair correndo para o trabalho ou para algum encontro” e deixa a comida na cozinha, coberta com papel-alumínio, com um bilhete dizendo que vai voltar tarde. De cortar o coração.
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Achei que a chegada do novo vizinho ~ que, é claro, não é um caçador e sim um menino que quer a amizade de Louise ~ pode ser um pouco confusa, especialmente para crianças pequenas. Louise, com sua imaginação fértil, “vê” caixas de armamento serem descarregadas e “ouve” um barulho constante das armas sendo carregadas. O medo que ela sente é tão grande que ela se tranca (com o leão) no armário, achando que o caçador vai “matá-lo e pendurar sua cabeça na parede“. A gente entende a analogia, mas o meu filho de 3 anos, por exemplo, teve um pouquinho mais de dificuldade de fazer essa interpretação mais solta, menos literal.
Dito isso, o livro é SUPER sensível e bonito. Lida sim com temas pesados como tristeza, isolamento e desemparo, mas o final é redentor e esperançoso. O leão desaparece (talvez já esteja deitado na savana, exibindo-se para os outros leões), Louise toma um chocolate-quente com o novo amigo e as crianças acenam para ela do pátio. A sensação é de que tudo vai ficar bem, graças ao poder transformador da amizade.
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Escrito pelo dinamarquês Kim Fupz Aakeson, A Menina e o Leão é o trabalho de estreia da ilustradora Julie Völk ~ a dupla levou os prêmios Serafina em 2014 e o Troisdorfer Picture Book Prize em 2015, na Alemanha. O traço da Julie é simplesmente encantador e confere um ar de poesia para essa história, já tão carregada de sensibilidade. Cada ilustração tem muito a dizer e detalhes infinitos. Um exemplo simpático é, quando Louise está isolada com seu leão na hora do recreio, podemos perceber uma outra criança afastada, junto ao seu dragão (ou medo) de estimação. Uma lembrança sutil, mas poderosa, de que não estamos sozinhos nas nossas dores e ansiedades.
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